Yuri Ribeiro, fundador do Canal e Consultoria Valor da China, com 14 anos de experiência na China, durante a GIFT 2025 – importante feira de turismo da Ásia (crédito divulgação).
De açaí a cosméticos veganos, produtos brasileiros ganham força na China e especialista aponta caminhos para ampliar presença do Brasil no maior mercado consumidor do mundo
A relação comercial entre Brasil e China está em seu momento mais promissor. Segundo Yuri Ribeiro, especialista em negócios internacionais e fundador da Valor da China Trade Solutions, “estamos vivendo o melhor momento da história para fazer negócios entre Brasil e China. Nunca vi nada parecido.” Com uma China cada vez mais aberta a produtos estrangeiros e um Brasil rico em biodiversidade, identidade cultural e alimentos naturais, o cenário é ideal para a expansão estratégica das exportações brasileiras.
A China é, atualmente, o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2023, as exportações brasileiras para o país asiático somaram US$ 104,3 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Os principais produtos exportados são soja, minério de ferro e petróleo. No entanto, especialistas apontam que o verdadeiro salto está nos itens de maior valor agregado — e o momento de investir nessa transição é agora.
“Se o produto for diferenciado, com identidade própria e preço competitivo, as chances de sucesso no mercado chinês são enormes”, afirma Yuri Ribeiro. Segundo ele, o público chinês — especialmente a classe média, que já ultrapassa os 600 milhões de habitantes — está cada vez mais interessado em produtos naturais, sustentáveis e autênticos.
“O Brasil tem uma lista extensa de produtos que ainda são pouco explorados aqui, mas com enorme potencial. O que falta é estratégia, adaptação e presença local”, destaca Ribeiro.
Apesar do grande potencial, ainda há desafios. Um deles é o desconhecimento do mercado chinês por parte dos empresários brasileiros. “Entrar na China exige preparo, paciência e parceiros confiáveis. Não basta exportar uma vez — é preciso estar presente, adaptar o produto, comunicar bem e construir marca.”
A recomendação de Yuri Ribeiro é clara: investir em marketing, adaptação cultural e tecnologia. Plataformas de e-commerce, comunicação segmentada, embalagens adaptadas ao consumidor chinês e presença em feiras internacionais são ferramentas indispensáveis para ganhar tração. “Sem marketing, sem cultura e sem tecnologia, não há escala.”
Em maio, a Valor da China Trade Solutions foi a única representante brasileira na GITF 2025 — uma das maiores feiras de turismo e cultura da Ásia, realizada em Guangzhou. Com um estande repleto de produtos que destacam a diversidade e autenticidade do Brasil, a empresa apresentou quase 30 marcas brasileiras ao público chinês e internacional.
Apesar do Brasil exportar cerca de US$ 100 bilhões por ano para a China, mais de 80% desse volume ainda se concentra em commodities agrícolas. “Nosso objetivo é mudar esse cenário, posicionando marcas brasileiras diretamente no consumo final chinês”, afirma Yuri.
A próxima jornada será entre os dias 25 e 30 de julho, juntamente com a InvestSP, Yuri estará na China-Asia Europe Expo, que acontece no Centro Internacional de Convenções e Exportações de Xinjiang, em Urumqi, representando novas marcas brasileiras e mostrando o potencial dos produtos ao mercado chinês. Segundo Yuri, as iniciativas governamentais promovidas por órgãos como a ApexBrasil, as Secretarias de Promoção Comercial (SECOMs) em embaixadas e consulados, além de projetos estaduais conduzidos por entidades como InvestSP, FIESP, InvestMG e FIEMG — incluindo missões empresariais e treinamentos especializados — desempenham um papel estratégico na conexão de empresas brasileiras às oportunidades do mercado asiático.
“Nosso papel é complementar esse belo trabalho, oferecendo suporte prático, tração comercial e escala às operações dos empresários que desejam conquistar o mercado chinês”.
Atualmente, a Valor da China Trade Solutions participa de quase 10 feiras por ano, exibindo marcas brasileiras e conectando empresas ao mercado chinês. “Com a inclusão de mais empresas em nosso portfólio, poderemos ampliar nossa presença em feiras estratégicas e setoriais, fortalecendo ainda mais o trabalho comercial e impulsionando as vendas de produtos brasileiros de mais alto valor agregado no mercado chinês”, comenta o especialista.
Perspectiva futura: crescimento exponencial
Com um mercado interno sofisticado e em rápida transformação, a China oferece espaço para marcas internacionais que consigam se posicionar com autenticidade. “A janela está aberta — e quem agir com estratégia e consistência, vai colher resultados em escala global”, comenta Yuri.
Estudos da ApexBrasil, que identificaram cerca de US$ 800 bilhões em oportunidades para novos produtos na China, aliados ao crescimento médio de 13,3% ao ano das exportações para aquele país, mostram que é possível ampliar as exportações brasileiras não‑commodities em até 35% (R$40 bilhões nos próximos cinco anos — desde que haja estratégia robusta de posicionamento, adaptação de produto e presença institucional local.
Para Yuri Ribeiro, a tendência é clara: “A China muda em uma velocidade impressionante. É hora de o Brasil acompanhar esse ritmo e fazer da exportação não apenas um negócio, mas uma ponte cultural e econômica duradoura.”
Sobre Yuri Ribeiro
Engenheiro químico de formação, Yuri Ribeiro transformou uma trajetória corporativa internacional em uma missão estratégica: aproximar Brasil e China por meio do comércio exterior e do conhecimento real sobre o maior mercado consumidor do planeta.
Expatriado para a China em 2011 por uma multinacional brasileira do setor industrial, Yuri assumiu posições de liderança em vendas internacionais e implantação de fábricas, consolidando uma carreira marcada por negociações em mais de 40 países e imersão profunda na cultura asiática. Fluente em mandarim e com ampla experiência em gestão de equipes multiculturais, ele vive por mais de uma década no país asiático (14 anos) — tempo suficiente para entender, na prática, os desafios e as oportunidades para empresas brasileiras que desejam exportar para a China.
Em 2021, decidiu seguir o caminho do empreendedorismo digital e criou marcas próprias em parceria com influenciadores brasileiros, vendendo centenas de produtos em sete marketplaces internacionais. No ano seguinte, nascia o canal Valor da China, @valordachina, um projeto autoral que começou como hobby e se transformou em referência para empresários interessados no mercado chinês. Hoje, a iniciativa reúne milhares de seguidores, alunos e clientes, oferecendo cursos, mentorias e serviços de consultoria voltados à internacionalização de marcas brasileiras.